O campo de atuação do endocrinologista é extremamente vasto, visto que os hormônios regulam praticamente todas as funções orgânicas, e portanto as alterações hormonais podem provocar doenças as mais variadas, envolvendo o organismo como um todo. Interessante notar que as descobertas científicas mais recentes mostram que praticamente todos os órgãos do corpo secretam algum tipo de hormônio. Até mesmo aqueles órgãos que se acreditava ter uma função única bem definida, tais como o coração, o estômago e o cérebro, secretam hormônios. Portanto, se levássemos ao pé da letra a afirmação de que a Endocrinologia trata dos órgãos que produzem hormônios, então concluiríamos que ela trata do organismo todo!
De uma forma resumida, as doenças mais freqüentemente acompanhadas num consultório de Endocrinologia são as seguintes:
Diabetes - Alteração dos níveis de açúcar (glicose) do sangue, decorrente da falta de produção ou da falta de ação (resistência) da insulina, um importante hormônio produzido pelo pâncreas. Grandes estudos, publicados nas últimas décadas, mostraram que controlar a glicose do sangue, mantendo seus níveis dentro do normal, ajuda a prevenir algumas complicações sérias do diabetes, tais como problemas dos olhos, dos rins e dos nervos. Esses problemas, se não tratados adequadamente, podem acarretar cegueira, necessidade de diálise e amputações dos membros. Existem ainda algumas doenças que podem provocar a queda da glicose sanguínea, ou hipoglicemia;
Doenças da Tireóide - Incluindo o hipertireoidismo (funcionamento excessivo da tireóide, com níveis aumentados de hormônios tireoidianos no sangue e as complicações decorrentes desse excesso), o hipotireoidismo (mau funcionamento da tireóide, levando à redução dos níveis sanguíneos dos hormônios tireoidianos e suas conseqüências), o bócio (crescimento exagerado da tireóide, produzindo uma massa na região anterior do pescoço) e os nódulos tireoidianos.Obesidade – Nos últimos anos a obesidade foi reconhecida como sendo uma doença, devido aos múltiplos problemas que pode acarretar à saúde das pessoas, além dos graves transtornos sociais e psicológicos que a acompanham. A obesidade possui múltiplas causas, e apesar de sabermos que apenas uma pequena proporção dos casos de obesidade é provocada por excesso ou deficiência de alguns hormônios, o tratamento dessa condição pertence ao endocrinologista, pelas seguintes razões:
a) no começo do século XX, se acreditava que a obesidade era causada por mau funcionamento da tireóide, e portanto seu tratamento devia envolver a correção dos níveis de hormônios tireoidianos, o que mais tarde se descobriu não ser verdade; e
b) a obesidade freqüentemente se acompanha de outras doenças endócrinas, tais como a diabetes, os transtornos do colesterol e a síndrome dos ovários policísticos, que contribuem para diminuir sensivelmente a qualidade e a duração da vida das pessoas obesas.
Transtornos do Colesterol (Dislipidemias) – Os altos níveis de gorduras no sangue, como o colesterol (principalmente o LDL-colesterol, ou “mau” colesterol), estão associados a doenças dos vasos sangüíneos (aterosclerose) e do coração (infarto do miocárdio), além de aumentarem o risco de derrames cerebrais e outras doenças. Apesar de classicamente serem tratadas pelos cardiologistas, as elevações do colesterol também pertencem à área da Endocrinologia, visto que muitas vezes podem estar associadas ao diabetes ou aos seus estágios iniciais, ao hipotireoidismo, à obesidade e aos maus hábitos de vida, condições nas quais o endocrinologista tem melhor preparo para realizar as intervenções mais adequadas. Dietas especiais, exercício e medicações podem ser prescritos para o tratamento dos transtornos do colesterol.
Síndrome dos Ovários Micropolicísticos (SOMP) - Hoje é sabido que a irregularidade menstrual e as características decorrentes do excesso de hormônios masculinos (como aumento de pêlos e acne), que acompanham a SOMP, são estreitamente associadas à obesidade e ao desenvolvimento de diabetes e de todas as suas complicações.
Transtornos do Crescimento e da Puberdade - A baixa estatura, em crianças e adolescentes, pode estar associada em alguns casos a problemas hormonais específicos, como a deficiência de hormônio de crescimento ou o hipotireoidismo, mas também pode ser causada por várias outras doenças. O atraso ou o avanço do desenvolvimento sexual (puberdade) também pode estar associado a alterações de algumas glândulas endócrinas.
Acromegalia - Síndrome causada pelo aumento da secreção do hormônio de crescimento (GH e IGF-I) ,quando este aumento ocorre em idade adulta. Quando ocorre na adolescência chama-se gigantismo. Por ocorrer na fase adulta o crescimento se dá nas partes moles e não no crescimento longitudinal, como no gigantismo. Geralmente o intervalo do início da doença e o seu diagnóstico é de 12 anos.
Síndrome de Cushing - Desordem endócrina causada por níveis elvados de cortisol no sangue. O cortisol é liberado pela glândula adrenal em resposta à liberação de ACTH na glândula pituitária no cérebro. Níveis altos de cortisol também podem ser induzidos pela administração de drogas. A doença de Cushing é muito parecida com a síndrome de Cushing, já que todas as manifestações fisiológicas são as mesmas. Ambas as doenças são caracterizadas por níveis elevados de cortisol no sangue, mas a causa do cortisol elevado difere entre as doenças. A doença de Cushing se refere especificamente a um tumor na glândula pituitária que, por lançar grandes quantidades de ACTH, estimula uma secreção excessiva de cortisol na glândula adrenal. A síndrome de Cushing também é uma doença relativamente comum em cães domésticos.
Feocromocitomas - Tumores, geralmente benignos, de células cromafins, formados por células produtoras de substâncias adrenégicas, como a Adrenalina. Costumam se localizar nas glândulas adrenais, ou suprarenais, mas podem ter outras localizações. Esse tipo de tumor raramente responde a quimioterapia ou radioterapia, necessitando de intervenção cirúrgica. Os feocromocitomas são de difícil visualização, muitas vezes sendo necessária uma cintilografia com iodo radio ativo, quando não são localizados através de tomografia ou ressonância magnética.
Podem ser "silenciosos", sendo um achado fortúito de uma autopsia, mas podem ter os mais variados graus de sintomas, sendo os mais intensos os das chamadas crises adrenérgicas. Neste caso, o portador apresenta crises súbitas de aceleração do coração, com grandes elevações de pressão arterial, dor de cabeça e sudorese.
O diagnóstico laboratorial é melhor evidenciado pelas dosagens das metanefrinas plasmáticas.
É uma causa potencialmente curável de Hipertensão arterial, embora extremamente rara.
Outras Doenças - Também são da competência do médico endocrinologista as doenças de outras glândulas endócrinas, como por exemplo: as doenças da hipófise (hipopituitarismo, prolactinoma etc.), das supra-renais (insuficiência adrenal) e das paratireóides (hipoparatireoidismo e hiperparatireoidismo). Os endocrinologistas também são preparados para avaliar e tratar: menopausa; osteoporose; hipertensão; infertilidade, e tumores das glândulas, dentre outras patologias.